Pequeno Manifesto sobre a Cultura em Guarulhos

Caros Membros do Conselho Municipal de Cultura, Secretaria de Cultura de Guarulhos e Sociedade em geral.

Não seria somente minha a tarefa de preocupar-me com a Reunião do Conselho Municipal de Cultura, que não ocorre há quase 4 meses, os membros deste órgão e a Secretaria de Cultura têm como obrigação estabelecer e elevar o diálogo sobre a gestão da cultura na cidade. Neste momento o instrumento que poderia melhor potencializar os debates sobre questões da pasta Cultura seria o próprio Conselho, pois na teoria e na lei que o instituiu, elegeu membros da sociedade civil e governo para que houvesse uma troca efetiva para a construção de uma política pública, não que esta gestão do conselho conseguisse suprir tal demanda, mas sua função é ter ao menos esta preocupação. Agora não sei o que há nesta cidade ou com algumas pessoas que pensam cultura e que de alguma maneira interferem na sua construção, pois os mecanismos criados para este meio é de certa forma sucumbido por uma força misteriosa e obscura.

Desde o início da gestão deste conselho fui contra seu Regimento Interno, que programa reuniões ordinárias a cada 02 meses, ficaria feliz que fosse desta forma se nossa cidade emanasse uma política cultural eficaz, que diferenciasse a cultura de massa da cultura popular e que valorizasse ações culturais como a construção e preservação de bens simbólicos imateriais, pois desse modo não haveria a necessidade de pensarmos em uma edificação coletiva, esta já seria uma conquista adquirida anteriormente. Entretanto, se olharmos para a nossa cidade com certo carinho poderemos constatar que essa conquista está longe ainda de acontecer – apontamento este legitimado até mesmo pelo fato de que, como já mencionado, há aproximadamente quatro meses não ocorre uma reunião do Conselho Municipal de Cultura e pela ocorrência de que, nos últimos três anos e meio de gestão, a Secretaria Municipal de Cultura  não se posiciona e não procura dialogar com representações coletivas das modalidades artísticas atuantes na cidade, deixando de atender demandas importantes e tornando o mínimo atendimento prestado um serviço de balcão.

Já passamos da necessidade de discutir cultura, isso é passado, pois sabemos da sua importância. O que precisamos discutir é como viabilizar sua concreta efetivação, sua fruição e o senso de pertencimento ao nosso meio, como tornar possível uma política onde sociedade civil e governo conversem de forma igualitária na sua construção.

Guarulhos por seu tamanho, sua densidade demográfica, poderia ter por, exemplo, um orçamento para a cultura calculado a partir de uma equivalência ao seu PIB, governo e sociedade poderiam demonstrar maior preocupação com o progresso cultural. Afinal, a cidade tem história, tem artistas de reconhecimento nacional e internacional, é rica em artes plásticas, música, teatro, dança, literatura e audiovisual e tem grandes manifestações culturais que precisam de grande atenção para que não fiquem somente nos livros e/ou para que não morram por falta de investimentos.

Quando tornaremos isso como um problema social que precisa de uma solução urgente?

Não dá mais para ficar colocando a culpa em fulano, cicrano ou beltrano, o problema é da cidade, é do Governo, é de todos nós.

Tratemos a cultura de nossa cidade como o nosso maior bem - mesmo que seja um bem invisível, não tátil e imaterial -, sem interesses pessoais ou partidários, sem a venda de opiniões por favores, sem censura ou represálias àqueles que defendem tão nobres ideais, e com absoluto comprometimento de seus representantes e fazedores, com o usufruto de meios civilizados e pacíficos.

Franklin Jones