quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Moção de repúdio dos Trabalhadores da Cultura à política do coturno em Pinheirinho

De um lado, pelo menos 1.600 famílias que lutam pelo direito de morar no bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), ocupação que tem oito anos de existência. Do outro, mais de 2.000 policiais militares e civis cumprindo ordens da Justiça Estadual e da Prefeitura de São José dos Campos, em favor da massa falida da empresa Selecta, pertencente ao mega-especulador Naji Nahas.

Ainda que não houvesse outras circunstâncias agravantes no caso, já seria possível constatar que as instâncias dos poderes executivo e judiciário fizeram a opção, em Pinheirinho, pela lei que protege a especulação imobiliária, em detrimento do direito das pessoas à moradia.

Vence mais uma vez a política do coturno em prol do capital. De um lado, bombas, armas, gases, helicópteros, tropa de choque. Do outro, dois revólveres apreendidos. Não há notícia de que tenham sido usados. Uma praça de guerra é instalada - numa batalha em que um exército ataca civil.

Não há plano de realocação das famílias. As que não conseguiram ou não quiseram fugir, ou receberam dinheiro para passagens para outras cidades, ou estão sendo mantidas cercadas, com comida racionada, como num campo de concentração. A imprensa não pode entrar no local, não pode fazer entrevistas, e os hospitais da região não podem informar sobre mortos e feridos. O que se quer esconder?

O Governo do Estado lavou as mãos diante do caso, assim como o Superior Tribunal de Justiça. O Governo Federal tardou em agir. A chamada "função social da propriedade", prevista na Constituição Brasileira, revelou-se assim como peça de ficção, justamente onde a ficção não deveria ser permitida.

Mais uma vez, o Estado assume o papel de "testa de ferro" para as estripulias financeiras da "selecta" casta de milionários e bilionários. A política do coturno em prol do capital vem ganhando espaço. Assim está acontecendo na higienização do bairro da Luz, em São Paulo , preparando-o para a especulação imobiliária; assim vem acontecendo na repressão ao movimento estudantil na USP, minando a resistência à privatização do ensino; assim acontece no campo brasileiro há tanto tempo, em defesa do agronegócio. Os exemplos se multiplicam. E não nos parece fato isolado que, hoje, a quase totalidade dos subprefeitos da cidade de São Paulo sejam coronéis da reserva da PM.

Nós, trabalhadores artistas, expressamos nosso repúdio veemente a esse tipo de política. Mais 1.600 famílias estão nas ruas: a lei foi cumprida. Para quem?

ENTIDADES E MOVIMENTOS PARTICIPANTES:

Avoa núcleo artístico
Brava Cia de Teatro
Cia. Buraco D´Oráculo
Cia Antropofágica de Teatro
Cia Estável de Teatro
Cia Ocamorana de Teatro
Grupo Teatral Parlendas
Cia São Jorge de Variedades
Cooperativa Paulista de Teatro
Dolores Bocaaberta Mecatrônica
Estudo de Cena
Kiwi Companhia de Teatro
Movimento de Teatro de Rua
Movimento dos Trabalhadores da Cultura
Núcleo Pavanelli de Teatro de Rua e Circo
Roda do Fomento
Trupe Olho da Rua – Santos – SP
Núcleo do 184
Trupe Sinhá Zózima
A Jaca Est
Grupo Redimunho de Teatro
Coletivo Núcleo 2
Juliana Rojas (Filme: Trabalhar Cansa)
Atuadoras
Paulo Fabiano - Teatro X
Companhia Auto-Retrato
Egla Monteiro - Companhia de Solistas, São Paulo
Gyl Giffony - Grupo 3x4 de Teatro - Fortaleza/CE
Herê Aquino - Grupo Expressões Humanas - Fortaleza/CE
Cia da Revista
Cia. Crônica de Teatro - Contagem – MG
Wilson Honório - Movimento Quilombo Raça e Classe
Trupe Artemanha de Investigação Urbana
Rede Brasileira de Teatro de Rua
Companhia do Feijão
Grupo Teatro de Caretas - Fortaleza – CE
Cia Corpos Insanos
TAZ Guarulhos

VÍDEO COM A LEITURA DA MOÇÃO DE REPÚDIO
http://www.youtube.com/watch?v=p2OayXHRfm8&feature=youtu.be

3 comentários:

Anônimo disse...

NAO CONCORDO EM NADA COM VOCES.... MESMO PORQUE A JUSTIÇA ATENDEU A UM SOLICITAÇÃO JURIDICA DA EMPRESA PELA REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NADA TEM HAVER COM PREFEITURA, ESTADO OU EXECUTIVO FEDERAL. ESSA MANIA QUE NUNCA ACABA DE TRATAR POLICIAIS COMO REPRESSORES SENDO QUE ELES GANHAM O SUFICIENTE PRA LEVAR UMA BALA NA CABEÇA EM DEFESA DAS MESMAS PESSOAS QUE OS CRITICAM.. POLICIAL É PAI DE FAMILIA, TEM SEUS TRRABALHOS SOCIAIS, É UMA PESSOA COMO QUALQUER OUTRA, POREM SE HOUVER ATAQUE DE MAFIA CRIMINOSA QUE AGE DENTRO E FORA DOS PRESIDIOS QUEM SERA A VITIMA, O POLICIAL. TENHAM RESPEITO POR AQUELES QUE OBEDECEM ORDENS E SEGUEM REGRAS, SE NAO FOSSE A POLICIA AGINDO O BRASIL SERIA UMA MERDA CHEFIADO POR DROGADOS E DESTRUIDORES DE PATRIMONIO PUBLICO E PRIVADO...

Anônimo disse...

A questão não é a polícia, mas o Estado que usou a força desproporcional, ali não é um campo de guerra, uma facção criminosa, ou terroristas. O Estado tem o dever de priorizar politicas e não resolver um empasse com a força bruta. O Terreno esta com dívidas milionárias o que que na teoria nem pertence ao Najir Nahas, e como o estado mobiliza um batalhão para um defender o interesse de uma pessoa e nao se mobiliza para defender o interesse de milhares? Esta politica do mais forte contra o mais fraco que se trata esta moção. Nada tem com os policias que neste caso só cumpre uma ordem superior.

lendo bem a Moção. Diz Politica do Coturno.
Sou a favor sim da Moção, pois ela repudia este tipo de ação contra

Anônimo disse...

Ah. Que isso! Ia fazer um comentário sobre o texto, mas o primeiro Post me fez pensar como ainda tem pessoas que não entende o contexto das coisas.

Não vejo crítica aos Policias Leia com atenção - " Do outro, mais de 2.000 POLICIAIS MILITARES e CIVIS CUMPRINDO ORDENS da Justiça Estadual e da Prefeitura de São José dos Campos, em favor da massa falida da empresa Selecta, pertencente ao mega-especulador Naji Nahas".

Mas concordo com vc, que infelizmente os policias não ganham o suficiente e correm o risco de vida por um salário hilário, mas uma discussão que precisa ser aprimorada, como manter a segurança pública com policiais ganhando tão pouco, tendo que arrumar bico para ter a sobrevivência garantida.
Então a sua discussão vai para outro campo, que tbm deve ser encarada.

No RJ uma possivel paralisação dos policiais já gerou prisões dos organizadores, isso são notícias preliminares. Então a discussão aqui é, estamos em uma ditadura sórdida escondida no lençol de tule da democracia, todos vêem, mas não comentam.
Força e resistência aos moradores de Pinheirinho.
E força para os policiais deste país.

Att. Carlos Araújo

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