Roman Lopes *
A segunda maior economia do Estado e uma das maiores do país tem um dos maiores índces de pobreza... Tem o maior aeroporto do país e um dos maiores da América Latina, mas o tem um sistema de transporte público que seria cômico, se não fosse trágico (desculpe Dürrenmatt, mas eu não poderia perder a oportunidade)... Uma metrópole com mentalidade provinciana... Um parque industrial controlado por coronéis... Enfim, uma terra cheia de contradições... Isso é Guarulhos... Nessa terra de poucos alguéns e muitos ninguéns a Arte e as manifestações culturais em geral não poderiam seguir por um caminho muito diferente: o da piada de mau gosto...
A nossa Secretaria de Cultura é um palácio de espelhos, plantado em um dos cantos de um centro cultural que parece um gigante adormecido... Não é à toa que se chama Adamastor (Camões deve estar se revirando no túmulo)... Os habitantes desse lugar parecem almas penadas, vagando sem rumo e sem saber o que fazer, somente esperando as ordens do todo poderoso Sr. Hélio Arantes, o secretário de cultura, um neoliberal metido a bolchevique e um filósofo de fotonovela... Enfim, um personagem de uma grande tragédia ou de uma comédia pastelão (o termo cai bem à figura)... O grande problema é que nesse espetáculo ele é o protagonista...
Guarulhos tem o FUNCULTURA, um fundo municipal que financia atividades culturais. O dinheiro destinado anualmente a esse fundo é ridículo... Equivale a aproximadamente 3% do orçamento da Cultura e deve atender a todas as atividades culturais do município, incluindo todas as linguagens artísticas e as ações relacionadas ao patrimônio cultural... Nessa conta só não entram as atividades de marketing político e as ações relacionadas à indústria cultural. Para isso existe bastante dinheiro (foram gastos vários milhões de reais em aluguel de equipamentos de som para shows. Aliás, um show, com duração de aproximadamente 50 minutos, de uma celebridade da indústria cultural custa quase a mesma coisa que a verba anual destinada ao FUNCULTURA)...
Guarulhos tem uma Lei de Fomento ao Teatro e à Dança, aprovada no final de 2009... Só que a lei só existe no papel... Isso já foi motivo para manifestações dos artistas da cidade, abaixo-assinado, denúncia no Ministério Público, arquivamento... Uma série de atos e fatos... E o Sr. Todo Poderoso Hélio Arantes, no alto do palácio de espelhos, resolveu depois de muita briga e muita indiferença, contar mais uma de suas piadas pseudo-socialistas (essa é mais uma das características desse personagem grotesco): resolveu atrelar a verba do FUNCULTURA à Lei de Fomento, usando o argumento de que a lei permite isso... Mas o dinheiro já não era pouco?
Em meio a esse cenário surreal, surge um grupo... Ou um coletivo... Ou um bando... Ou... TAZ (Zona Autônoma Temporária, em inglês, of course...), que poderia muito bem ser realmente um demônio ou um personagem de desenho animado... A TAZ não tem forma, cor, credo, opção sexual ou política... É a reunião de pessoas, nesse caso específico de artistas, que têm um objetivo: falar e fazer ARTE... Para isso, fazemos reuniões, rodas de conversas, encontros, manifestações públicas... Até já servimos café para as pessoas na rua... Conseguimos algumas coisas nessa nossa curta existência de pouco mais de um ano... Fizemos um abaixo-assinado importante, instauramos um inquérito contra o secretário de cultura, saímos na imprensa, conseguimos ser recebidos pelo Todo Poderoso e até por outros políticos da cidade...Viramos quase celebridades... Mas não é nada disso que queremos... O que as pessoas que fazem parte da TAZ querem é somente poder ver a Arte acontecer nessa cidade, tão carente de perspectivas e tão cheia de sujeiras (haja tapete para varrer tudo isso para baixo)... Queremos que exista nessa cidade uma política cultural verdadeira, destinada a oferecer à população o acesso real à Arte e aos artistas condições reais de exercerem suas atividades... Será que isso é pedir muito?
Esse é o documento dessa cidade chamada Guarulhos... Só não sabemos se esse documento representa a nossa vida ou a nossa morte... Isso só o tempo dirá...
* Roman Lopes é artista e um dos integrantes da TAZ.
7 comentários:
O texto expõe muito bem o sentimento do munícipe indignado, sendo artista ou não. Gostaria de sugerir algo. Penso que esta gestão deve ser responsabilizada pela impopularidade de seus administradores, afinal a nomeação dos Secretarios Municipais é sempre feita diretamente pelo Prefeito ou um sucessor. O Sr. Helio Donizete não se move, a não ser para assuntos de grande vulto. E é insensivel as criticas. Mas o Prefeito que o colocou lá não. Este sim já se move em direção a campanha do ano que vem, apesar de afirmar que campanha é assunto para se tratar no ano que vem. Colocou pessoal seu nas secretarias para acompanhamento das rotinas e dos assuntos diarios. Parece que os secretarios municipais estao querendo autonomia para escolher a quem apoiar e isto desagrada o Prefeito. As nomeações são feitas com base em indicações e não com escolha por competência, e isto o Prefeito não poderia fazer enquanto administrador por mandato popular. Direcionem suas criticas a Prefeitura e não mais ao Secretario e verão resultados efetivos.
JOAO FRANCO
Você tem razão, Ele o Sr. do Prédio Espelhado, não tem culpa de estar lá, foi indicado por acordo politico ou não, mas o fato é está lá, cabe a cobrança ao Prefeito, que por incompetência inseriu uma pessoa que não tem a menor sensibilidade com a pasta. A cobrança tem sim, que cair no colo do atual prefeito, este não pode ser sempre inocentado, tenho certeza que já sabe das incoerências do seu subordinado, mas nada faz para remediar a situação. CAÇA ao Prefeito. SR. Sebastião Almeida... E ai? O que vc nos diz a respeito, quer mesmo que Guarulhos fique a sombra da cidade de SP, no critério ARTE? Se Mexe ai Rapaz.
P.S Quando teremos a Ivete de novo já estou com saudades
Vagner Vasconcelos.
Desculpem me pela minhas palavras, mas o que se faz ainda em Guarulhos? Acho que vcs artistas tem que buscar outras coisas fora da cidade, esqueçam que são daqui e parem de querer salvar a cidade, ela não tem solução...
Tantas cidades dispostas a receber e trabalhar com arte, por que ainda insistir em Guarulhos?
Minha opinião.
Abraços
Juliano
Já tem-se as mudanças em virtude das campanhas eleitorais. Sai o Sr Hélio Donizete e assume o antigo diretor Plinio em seu lugar. O sr. Hélio vai agora ao gabinete do Prefeito desta cidade para mobilizar pessoal para campanha eleitoral. Leva consigo parte da sua turma para uma perfeita sintonia, onde um manda e todos não questionam.
JOAO FRANCO
Agora que vc faz parte do FUNCULTURA, não interessa fazer textos como esse acima
parece conveniente agora, né?
MAIS UM PROLIXO COM DISCURSO VAZIO E INTERESSEIRO.
Só acho que esse "anônimo" peca por excessos e não percebeu que o autor do texto acima não foi contemplado pelo Funcultura em momento algum.
kkkk, engraçado que nesta cidade não existe pessoas dispostas a arregaçar as mangas, vejo movimentos, protestos que sempre são esvaziado por falta de quórum, algumas ainda só sabem apontar os dedos e nada mais. Ah cidade de pessoas mesquinhas.
Quando vamos parar de nos atacar (artistas) e pensar conjuntamente?
Alê
Postar um comentário