Chega ao fim e obtêm o resultado 15, mas o resultado correto é 10. Você revê a equação inteira e não consegue enxergar onde está o erro que fez com que o resultado fosse 15. Então você vira o seu lápis e usa a sua borracha para apagar a operação inteira e refazê-la, com isso sua folha se enche de sujeira da borracha, que você simplesmente sopra para o chão.
Você refaz e o resultado final agora é 28, você revê toda a operação novamente, linha a linha e não enxerga o erro, vira seu lápis novamente, apaga tudo, faz mais sujeira de borracha e novamente sopra, jogando no seu próprio colo.
Mais uma vez você começa a resolver a equação quando a ponta do seu lápis se quebra, você então aponta o seu lápis com o apontador e volta ao trabalho, termina a operação. E o resultado agora é 147, cada vez mais longe de 10 você supõe que existam vários erros, revê toda a operação e mais uma vez não enxerga os erros. Você vira o lápis,começa a apagar com sua borracha, novamente faz sujeira e se suja.
Recomeça a resolver a equação.
Sobram números no fundo, mal apagados, eles atrapalham o cálculo, isso o confunde você se irrita e acaba quebrando a ponta do lápis novamente, recorre ao apontador que também quebra, usa uma faca para apontar, consegue finalizar a equação e o resultado, mais uma vez não é 10, 8. Já sem paciência, vira o lápis para usar a borracha, ela se quebra, mas já estava tão pequena que você nem ao menos consegue usar o pedaço quebrado para apagar, então você lambe os dedos indicador e médio, e usa-os para apagar, assim você acaba por rasgar a folha já bem maltratada por aquela borracha no passado.
Inconformado decide escrever na perna e solucionar a equação, mas descobre que com um lápis não consegue escrever na própria pele, então, sem uma caneta ou discernimento e atitude o bastante para conseguir uma, aponta melhor o lápis com a faca, estando com a ponta bastante aguda ele pode cortar a pele para escrever, o faz na perna direita, sangra... Erra novamente. Sente dor demais pelos cortes, tenta da mesma maneira quase entalhando a perna esquerda. Resultado errado novamente.
Cai ao chão e chora, e sangra... até não ter mais sangue para sangrar. Por ali mesmo fica...
...
Você podia ter enxergado o que estava errado já na primeira resolução, parado, pensado mudado de idéia, pedido ajuda, então teria resolvido a equação sem sujeira, dificuldades ou dor. Acima de tudo teria se distanciado da situação. Enxergaria o que havia de errado e as conseqüências seriam outras. ?
Distanciamento, observação e trabalho a respeito do que está errado.
(Inspirado em Bertold Brecht)
Felipe Cirilo.
Obrigado.
2 comentários:
Um dos textos mais fodas que já vi publicados aqui.
Abraço!
Obrigado, André.
Se quiser, expressa uma opinião sua, dialoguemos.
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